|Mostras| Cinemateca Brasileira apresenta a mostra 'Carta Branca a Jean-Claude Bernardet'
'Orfeu', 'O Cavalo de Turim', 'Os Catadores e Eu', 'Lola Montés', 'O Anjo Nasceu' e 'O Homem Ferido' têm sessões gratuitas de 7 a 10 de dezembro.
'Lola Montès' / Max Ophüls
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De 7 a 10 de dezembro, a Cinemateca Brasileira apresenta a mostra Carta Branca a Jean-Claude Bernardet, levando ao público uma seleção de seis filmes com curadoria de Bernardet. Crítico, cineasta, roteirista, romancista e ator, Bernardet teve uma atuação múltipla no pensamento e na produção cultural brasileiros, sendo um nome incontornável nos estudos de cinema no Brasil.
Sua aproximação com o cinema se deu ao longo da década de 50, quando passou a frequentar cineclubes em São Paulo. Sob a influência de Paulo Emílio Salles Gomes, Bernardet passou a produzir textos para a coluna Suplemento Literário do jornal O Estado de S. Paulo. Nessa mesma época, o jovem cinéfilo estabeleceu conexões próximas com a Cinemateca Brasileira, onde trabalhou como auxiliar de biblioteca e desenvolveu diversas funções relativas à difusão de filmes.
Sua produção teórica desenvolvida ao longo dos anos seguintes é de grande fôlego e com uma excepcional capacidade de analisar o cinema brasileiro de forma totalizante, acreditando na interlocução entre a crítica e a produção cinematográfica. Dessa forma, para Bernardet, o crítico se insere e intercede na sociedade em que as obras são produzidas.
Além de crítico e professor universitário na ECA/USP, co-roteirizou filmes como O caso dos irmãos Naves (1967), Brasília: contradições de uma cidade nova (1968) e Um céu de estrelas (1995); co-dirigiu títulos como Paulicéia fantástica (1970) e Eterna esperança (1971); e atuou em Filmefobia (2009), Periscópio (2013), Fome (2015), dentre outros.
Sobre os filmes da mostra, é possível encontrar alguns textos e comentários de Bernardet ao longo de sua extensa produção. Analisou O anjo nasceu (Júlio Bressane, 1969) em seu livro O voo dos anjos: Bressane, Sganzerla, num momento em que, segundo ele, “a crítica não estava apta a enfrentar esses filmes [...] não tinha palavras que se aplicassem a O anjo nasceu”. Sobre Os catadores e eu (Agnès Varda, 2000), escreveu que o longa “provoca no espectador uma extraordinária sensação de liberdade, uma sensação euforizante” graças à “proliferação associativa” de imagens e ao seu caráter livre.
Além desses dois títulos, fazem parte da mostra O cavalo de Turim (Béla Tarr, Ágnes Hranitzky, 2011), Lola Montès (Max Ophüls, 1955), Orfeu (Jean Cocteau, 1950) e O homem ferido (Patrice Chéreau, 1983).
A mostra tem início no dia 7 de dezembro com um brinde de abertura (18h30), seguido de uma sessão de Orfeu (20h), com a presença do curador. Toda a programação é gratuita e os ingressos distribuídos uma hora antes de cada sessão.
07 de dezembro, quinta-feira
20h - ORFEU (Orphée)
França, 1950, 112min, cor, 14 anos
Direção: Jean Cocteau
Sinopse: Orfeu, famoso poeta em fase entediada, apaixona-se obsessivamente por uma Princesa, a que é a personificação da Morte. Enciumada, ela arquiteta a morte de Eurídice, desprezada esposa de Orfeu. Com as duas presas no inferno, ele então decide também descer até lá.
08 de dezembro, sexta-feira
20h – O CAVALO DE TURIM (A torinói ló)
Hungria/ França/ Alemanha/ Suíça, 2011, 155min, p/b, 12 anos
Direção: Béla Tarr, Ágnes Hranitzky
Sinopse: O velho fazendeiro Ohlsdorfer e sua filha dividem um cotidiano dominado pela monotonia. A realidade dos dois é observada pela vista da janela e as mudanças são raras. Enquanto isso, o cavalo da família se recusa a comer e a andar. O filme é uma recriação do que teria ocorrido com o animal após ter sido salvo da tortura pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche durante uma viagem a Turim, na Itália.
09 de dezembro, sábado
15h - OS CATADORES E EU (Les glaneurs et la glaneuse)
França, 2000, 82min, cor, livre
Direção: Agnès Varda
Sinopse: A partir de um célebre quadro de Millet, o filme de Agnès Varda é um olhar sobre a persistência na sociedade contemporânea dos catadores, aqueles que vivem da recuperação de coisas (detritos, sobras) que os outros rejeitam. Nesse sentido, a catadora é Varda, que experimentando pela primeira vez uma pequena câmera digital, se quer assumir como uma “recuperadora” das imagens que os outros não querem ver nem fazer, e que, portanto, deixam para trás. Um filme lúcido e livre, mediado pelas “mãos que envelhecem” da própria cineasta.
16h45 - LOLA MONTÈS (Lola Montès)
França/Alemanha, 1955, 116min, cor, 14 anos
Direção: Max Ophüls
Sinopse: Em meados do século XIX, Lola Montès é uma famosa dançarina e cortesã que levou uma vida agitada e altamente escandalosa. Ela foi amante de vários homens europeus importantes, mas sua carreira agora está limitada a uma atração de circo em Nova Orleans, onde o empresário e mestre de cerimônias se tornou seu amigo apenas para explorá-la como sua atração principal. Por meio de sua performance circense, Lola narra a fantástica história da sua vida e carreira.
10 de dezembro, domingo
14h - O ANJO NASCEU
Brasil, 1969, 82min, p/b, 16 anos
Direção: Júlio Bressane
Sinopse: Dois bandidos, Santamaria e Urtiga, saem pela cidade cometendo atos de violência. Santamaria, místico, acredita que assim está se aproximando de um anjo que lhe limpará a alma. Urtiga, um marginal ingênuo, segue os passos do amigo, acreditando também no anjo da salvação. Santamaria, que morre pouco a pouco com as suas vítimas, identifica-se com a figura do anjo e enlouquece.
16h - O HOMEM FERIDO (L’homme blessé)
França, 1983, 109min, cor, 16 anos
Direção: Patrice Chéreau
Sinopse: Henri é um jovem solitário e isolado que não permite que ninguém se aproxime dele. Ao se tornar obcecado por um criminoso que encontra em uma estação de trem, o jovem descobre sua homossexualidade.