|Estreias| Exibido em Cannes, drama francês 'Softie' chega aos cinemas em dezembro
Conduzido pelo premiado Samuel Theis, o filme se baseia em experiências do próprio diretor.
'Softie' / Pandora Filmes
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Premiado diretor de “Party Girl” (Camera D’or em Cannes 2014), Samuel Theis está de volta com um filme que contempla elementos autobiográficos: SOFTIE. Além de ter sido nomeado ao Prêmio Queer Palm em Cannes, recebeu uma indicação ao César de melhor ator promissor para o protagonista Aliocha Reinert, que interpreta Johnny Jung, um garoto repleto de potencial. O longa chega aos cinemas brasileiros em 7 de dezembro, com distribuição da Pandora Filmes.
“O filme é, em grande parte, autobiográfico, embora eu tenha tomado mais liberdades do que em ‘Party Girl’. SOFTIE se baseia na minha infância, mas com espaço para um pouco mais de ficção. Eu não queria estar tão ligado à realidade”, explica Theis, que assina o roteiro com Gaëlle Macé.
Johnny tem 10 anos e se destaca em sua família por sua sagacidade e sensibilidade. Ele observa, entre outras coisas, as dificuldades que sua mãe (Melissa Olexa) enfrenta o criando sozinha. Tudo muda com a chegada de um novo professor, o Sr. Adamski (Antonie Reinartz), que vê no garoto um grande potencial.
“Johnny vem de uma família desfavorecida, sofrendo de problemas estruturais e atenção. Adamski pode lhe dar as duas coisas. Ele abre, no garoto, as portas da sensibilidade, bem como da consciência de si mesmo. Não há apenas o surgimento da inteligência de Johnny, mas também a percepção de seu papel social”, explica o cineasta.
Ao contrário de “Party Girl”, cujo elenco era formado por atores não-profissionais, Theis combinou em SOFTIE profissionais experientes com estreantes para, conforme disse, “criar um diálogo entre dois mundos”.
“A questão da representação das classes trabalhadoras na tela é importante e, para mim, é difícil reconstituir esse ambiente específico com os atores. Eu sinto uma necessidade de filmar pessoas da região, com aqueles rostos, corpos e maneiras de falar, visando aumentar a visibilidade deles. No filme, os atores profissionais encarnam outra classe social. Achei divertido, numa meta dimensão, a interação em seus diferentes status.”
Para encontrar o ator perfeito para o protagonista, Theis conta que fez muitos testes na região de Lorraine, até chegar em Reinert. “Eu queria um garoto com cabelo comprido, e de natureza delicada, já tocado por questões de sexualidade e de gênero. Aliocha apareceu. Ele tinha cabelo comprido, ele fazia balé. Contei aos pais dele o que acontece no filme, pois queria que ficasse claro. E, com muita sabedoria, eles me disseram que seria uma decisão de Aliocha. Ele pediu um tempo para pensar sobre isso, o que achei muito bonito. Ele me ligou alguns dias depois, dizendo que sentia que era capaz de fazer o personagem. (...) Tomar essa decisão foi muito corajoso da parte dele.”
A crítica internacional tem destacado os pontos fortes da obra. A Revista Screen Daily escreveu que o filme “captura habilmente a confusão, o medo e a raiva do protagonista enquanto ele tenta lidar tanto com as dificuldades da vida quanto com sua crescente sexualidade”. Já o CineEuropa revelou que “o carisma de Aliocha Reinert desempenha um papel importante no sucesso de um filme que se mostra muito esclarecedor sobre o desejo de emancipação (...), criando uma obra que evita qualquer pensamento simplista em preto ou branco e vibra como se acompanhasse as batidas de um coração aprendendo a se controlar”.