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|Mostras| CineOP celebra 18 anos e destaca a música preta no Brasil

|Mostras| CineOP celebra 18 anos e destaca a música preta no Brasil

Mostra de Cinema de Ouro Preto, único evento dedicado à preservação, história e educação começa no dia 21 de junho e ocupa a cidade histórica mineira com uma programação intensa e gratuita.

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A tricentenária Ouro Preto, município mineiro Patrimônio Histórico da Humanidade, vai ser sede da 18CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto, de 21 a 26 de junho de 2023, único evento que trata cinema como patrimônio e estrutura sua programação em três frentes temáticas: preservação, história e educação. Cada temática  com um enfoque e discussões próprias, que se aproximam em mesas e atividades  propostas.

As equipes de curadoria propuseram a temática geral “Memória e criação para futuro ”, que vai permear as ações ao longo de toda a mostra. Entre as ideias está a de dar visibilidade a Música Preta no Basil por cineastas indígenas, seus processos de realização, seus tipos de cinema, memórias, cotidianos, desafios e aprendizados e a reforçar a importância da memória como perspectiva para o futuro e um desafio à preservação.

" A CineOP cumpre mais uma vez seu papel de atuar pela salvaguarda do imenso patrimônio audiovisual brasileiro e reafirma a importância de dar continuidade aos encontros anuais presenciais para fortalecer o setor audiovisual em diálogo com a educação e continuar florescendo para preservar nossa história, criar pontes e conexões, desvendar obras e talentos, olhares e diversidade em meio à multiplicação de telas e inovações interativas", destaca Raquel Hallak, diretora da Universo Produção e coordenadora da CineOP.

Durante seis dias de programação intensa e gratuita, o público vai poder desfrutar de mais de 30 sessões de cinema com exibição de filmes para todas as idades em dois cinemas instalados para atender o evento - o Cine-Praça - cinema o ar livre a ser instalado na Praça Tiradentes (plateia 500 lugares) e o Cine-Teatro - a ser instalado no Centro de Convenções (plateia 510 lugares) e, ainda, participar de debates, masterclasses, rodas de conversas, oficinas, Mostrinha, atrações musicais e várias outras atividades que acontecem em dois espaços ouropretanos: Centro de Artes e Convenções e a Praça Tiradentes.

 Serão exibidos 125 filmes em pré-estreias e mostras temáticas - (30 longas, 9 médias e 86 curtas-metragens), vindos de 5 países (Brasil, Argentina, Colômbia, Equador, EUA) e de 14 estados brasileiros ( AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, PB, PR, RJ, RN, RS, SC, SP) distribuídos em nove mostras - Contemporânea, Homenagem, Preservação, Histórica, Educação, Valores, Mostrinha e Cine-Escola.

Espaço referencial de discussões e definições de profissionais e educadores, a CineOP terá os sempre essenciais 18o Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e o Encontro da Educação: XV Fórum da Rede Kino. Entre diversas atividades previstas, desde seminários, exibições de filmes, palestras e masterclasses intercionais, serão 31 debates e rodas de conversa, com a participação de 83 profissionais nacionais e internacionais.

 

 ABERTURA OFICIAL | HOMENAGEM

O evento oficial de abertura acontece na noite de 22 de junho (quinta-feira), às 19h30, na Praça Tiradentes. Para inaugurar as exibições da Mostra esse ano, será exibida a versão restaurada de “Rainha Diaba” (1974), clássico de Antônio Carlos da Fontoura que tem o ator Milton Gonçalves interpretando a mítica Madame Satã. Mas, antes da sessão, acontece  na praça uma performance audiovisual apresentando as três temáticas de cada seção da CineOP (Histórica, Preservação e Educação) e homenageando o ator e músico Tony Tornado, no embalo da Temática Histórica “Imagens da MPB (Música Preta no Brasil)”.

Mais longevo profissional da atuação em atividade no país, Tornado – atualmente no ar na novela das 18h da Rede Globo “Amor Perfeito” – estará presente para receber o Troféu Vila Rica. Nascido em Presidente Prudente (SP) em 1930,  estabeleceu-se a partir dos anos 1960 como um dos precursores do movimento da “black music” brasileira, inspirada na luta pelos direitos civis. Logo se tornou também um dos rostos negros mais conhecidos da TV e do cinema.

Para Tatiana Carvalho Costa, uma das curadoras, a imagem de Tony Tornado “nas dezenas de trabalhos nos quais atuou entrecruza as memórias de um povo e sugere muito mais do que deveriam dizer a maioria dos papéis coadjuvantes que fez com tanta dignidade, um fenômeno de resiliência e reconfiguração a exibir a força dos personagens”.

Além de estar na tela com os filmes, Tony Tornado marca outras presenças na CineOP. No dia 23 (sexta-feira), ele participa da mesa em tributo à sua obra, junto com Bernardo Oliveira (professor, pesquisador, crítico e produtor), Black Josie (DJ, musicista e produtora cultural) e Dom Filó (CEO da Cultne TV e produtor cultural), com mediação de Tatiana Carvalho Costa.

 

 TEMÁTICAS E FILMES

As curadorias de cada eixo da 18a CineOP desenvolveram trajetos de reflexão e discussão que conectam filmes, aprendizados, pesquisas e conhecimentos para debates e exibições a serem promovidos em todos os dias. Na Temática Histórica, o conceito “Imagens da MPB (Música Preta no Brasil)” enfatiza a presença da criação musical de artistas pretas e pretos nas trilhas sonoras e nos elencos de filmes e novelas, como personagens em ficção, documentários, videoclipes e performatividades variadas.

 A dupla de curadoria Cleber Eduardo Tatiana Carvalho Costa definiu por colocar em evidência a música preta em seus contextos históricos e culturais nos séculos XX e XXI na criação e inventividade de universos populares. Assim, buscam mostrar a herança de tradições atualizadas do passado e de outras geografias e refletir sobre a riqueza a ser preservada na relação com as imagens.

Os filmes da Mostra Histórica dialogam com a proposta a partir dessas percepções. Uma das pérolas do evento é “Uma Nêga Chamada Tereza” (1973), clássico perdido do cinema brasileiro, dirigido por Fernando Coni Campos e protagonizado pro Jorge Ben Jor. Inédito há décadas, a comédia ficcional mostra o cantor na história de um casal de africanos que vem participar de um festival da canção no Brasil.

A temática, assim como parte dos filmes, estará no centro das discussões de duas mesas com críticos, pesquisadores e professores: “O corpo-tela e o som que pensa o fillme”, sobre as formas como o cinema pode trazer a força do som antes mesmo das images e de que forma essas relações se dão;  e “Polifonia e memória: Reverberações no futuro”, sobre as formas como plataformas digitais atuam na produção, reverberação, sampleamento e amplificação de memórias, além de meios de acesso a um acervo de imagens, sons e experiências gravadas, fundamentais na irradiação e amplitude da Música Preta no Brasil e das expressões audiovisuais a partir dela.

Na Temática Educação, a curadoria de Adriana Fresquet e Clarisse Alvarenga vai trabalhar “Cinema e educação digital: Deslocamentos”, a partir de uma reflexão do educador Paulo Freire sobre o poder da televisão, em 1983. As conversas dos debates e dos Encontros de Educação deverão se pautar na relação entre a importância e necessidade da educação digital, com todos os seus desafios de acesso e democratização, e a necessidade urgente de entendimento de seus riscos. Entre as palavras-chave adotadas, vão aparecer algoritmos, metaverso, realidade aumentada, realidade mista, inteligência artificial e chatGPT.

Entre os debates do recorte, com presença de professores e profissionais da educação de todo o Brasil, reunidos pela Rede Kino, estão as conversas “Políticas públicas para o cinema e para a educação digital: Marcos legais”, com a proposta de discutir a regulamentação da Política Nacional de Educação Digital; “Cultura digital e os desafios da sociedade contemporânea”, com objetivo de problematizar as relações entre cinema, audiovisual e educação digital, avaliando as potências e os riscos no ato de ver, produzir e compartilhar conteúdos num contexto de educação que ainda transita do analógico ao digital; e “Cinema, território e soberania digital”, sobre as relações entre processos educacionais e audiovisuais com a relação e aproximação com a terra e com a política a partir do interesse pela vida mais que pelo mercado; entre outras.

Na Temática Preservação, o eixo será ““Patrimônio Audiovisual Brasileiro em Rede”, proposta pela curadoria de Fernanda Coelho e Vitor Graize e que vai reunir integrantes da ABPA (Associação Brasileira de Preservação Audiovisual) para mais uma rodada de conversas e articulações em prol do cinema patrimônio. Os debates vão se organizar por três tópicos: o diálogo para políticas públicas de preservação num novo ciclo de governo, representadas pela atualização do Plano Nacional de Preservação Audiovisual; o debate sobre a imposição do digital e suas questões éticas, técnicas e políticas; e a reflexão sobre a criação de uma rede nacional de arquivos audiovisuais.

Encontro de Arquivos, que faz parte da programação da Temática Preservação, contará com a presença de dezenas de profissionais do setor e a realização de diversos encontros e debates em torno dos três pontos destacados, entre eles “Iniciativas de mapeamento de arquivos audiovisuais”“Criação de uma rede nacional de arquivos audiovisuais”“A rede e suas conexões: produção” e “A rede e suas conexões: difusão e exibição”.

Uma das mesas,  “Memória e criação para o futuro”, propõe um balanço da última década no segmento da preservação a partir de perspectivas e desafios políticos, econômicos, tecnológicos e educacionais e deverá ter a presença de nomes do governo federal, como Margareth Menezes, ministra da Cultura; de Denise Pires de Carvalho, secretária de Educação Superior do Ministério da Educação; e Alex Braga, presidente da Ancine (Agência Nacional do Cinema).


PRESENÇAS INTERNACIONAIS

Anualmente a CineOP conta com a participação de importantes profissionais internacionais numa série de masterclasses e mesas de debates. Nesta 18a edição, estão: Carolina Dorado Lozano (Colômbia), educadora popular e facilitadora pedagógica, na masterclass “Cinema comunitário e educação popular na América Latina”; Alexandra Cuesta (Equador), cineasta e fotógrafa, falando sobre “Filmar territórios: deslocar-se”; Justin D. Williams (EUA), gerente de projeto e arquivista do SSHMP (South Side Home Movie Project), na conversa “Olhares negros no sul de Chicago”, em participação on line; e Tobias Blanke (Holanda), professor de Inteligência Artificial e Humanidades na Universidade de Amsterdã e que vai falar sobre a inteligência artificial na guarda de arquivos históricos, em participação on line.

SERVIÇO

18ª CINEOP - MOSTRA DE CINEMA DE OURO PRETO | 21 A 26 DE JUNHO DE 2023 | PRESENCIAL E ONLINE

PROGRAMAÇÃO COMPLETA EM: WWW.CINEOP.COM.BR

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