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|Crítica| 'Treze Vidas - O Resgate' (2022) - Dir. Ron Howard

|Crítica| 'Treze Vidas - O Resgate' (2022) - Dir. Ron Howard

Crítica por Victor Russo.

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'Treze Vidas - O Resgate' / Amazon Prime Video

 

 
Título Original: Thirteen Lives (EUA)
Ano: 2022
Diretor: Ron Howard
Elenco : Viggo Mortensen, Colin Farrell, Joel Edgerton, Sukollawat Kanarot e Theerapat Sajakul.
Duração: 147 min.
Nota: 3,0/5,0

 

Ron Howard rejeita a narrativa oscar bait, enquanto se apoia na linguagem documental para fazer de “Treze Vidas” um thriller realista e claustrofóbico

"Uma Mente Brilhante”, “Rush”, “Frost/Nixon”, “Apollo 13”, “A Luta Pela Esperança” e o fraquíssimo “Era Uma Vez Um Sonho”. Howard construiu boa parte de sua carreira focada em dramas baseados em fatos reais, tendo sempre o drama humano como foco da narrativa. Não é loucura dizer que ele é até um dos pais do “Oscar Bait”, termo usado para filmes que reciclam elementos melodramáticos que tipicamente são bem aceitos pela Academia. Todos os longas citados acima apresentam um pouco disso, enquanto o último é nada além disso.

Por isso, ao observar a carreira do cineasta, era esperado que “Treze Vidas”, longa que retrata o episódio de 2018 de um time de futebol de jovens na Tailândia que ficou preso em uma caverna antes de um temporal impedir a saída deles por 18 dias, fosse mais um filme focado nesse drama vivido por aqueles personagens, a fim de construir momentos extremamente melodramáticos para cobrir tal evento.

Porém Howard surpreende ao adotar uma abordagem bem diferente, focando no fato e no resgate da forma mais realista possível. Com isso, o filme é predominado por uma decupagem e montagem que remete bastante ao documental, com uma câmera na mão que tem como interesse registrar aqueles acontecimentos que acontecem diante dos seus “olhos”, sem medo, por exemplo, de ser mergulhada em uma caverna cheia d’água ou filmar pouca coisa dada a escuridão do local. 

A mesma lógica vai aparecer em como aqueles atores interpretam os personagens reais, de maneira séria e fria a ponto de nem parecer que são atores (o que só é sentido por conter nomes bastante conhecidos como Viggo Mortensen, Colin Farrell e Joel Edgerton). É como se eles rejeitassem qualquer exagero que pudesse soar mais artificial em meio a toda aquela abordagem mais sóbria.

Além disso, visto que o evento durou 18 dias, seria impossível Howard conseguir cobri-lo em sua totalidade. O cineasta opta por ignorar parte dos conflitos políticos e burocráticos para manter o seu interesse naqueles “heróis reais”, não só nos mergulhadores, mas também naqueles que foram capazes de desviar milhões de litros d’água para fora da caverna. Mais uma vez, então, o diretor vai recorrer a recursos bastante comuns em documentários, os gráficos que situam o dia e o local da caverna em que cada acontecimento se passa.

Assim, os poucos momentos realmente mais dramáticos que o longa vai apresentar são justamente aqueles problemas que surgem nos mergulhos quase impossíveis feitos para salvar a vida daqueles garotos, seja numa corda sendo perdida ou as injeções caindo da mão do mergulhador. Mas até esses momentos soam bastante plausíveis dada a dificuldade dos atos. Nem mesmo o típico final grandioso para celebrar o feito aparece aqui. Após tudo aquilo, somos levados a uma sala com mergulhadores incapazes de celebrar, presos em sua exaustão e emocional destruído.

Talvez o maior problema do longa seja justamente o azar de ter sido lançado poucos meses após o aclamado documentário “O Resgate”, que retrata o mesmo caso com uma abordagem obviamente documental, tirando a força do realismo encenado de Howard.

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