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|Crítica| 'Lola e Seus Irmãos' (2018) - Dir. Jean-Paul Rouve

|Crítica| 'Lola e Seus Irmãos' (2018) - Dir. Jean-Paul Rouve

Crítica por Victor Russo.

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'Lola e Seus Irmãos' / Pandora Filmes

 

 
Título Original: Lola et Ses Frères (França)
Ano: 2018
Diretor: Jean-Paul Rouve
Elenco : Ludivine Sagnier, José Garcia, Jean-Paul Rouve e Ramzy Bedia.
Duração: 105 min.
Nota: 2,5/5,0

 

Em “Lola e Seus Irmãos”, Jean-Paul Rouve simplifica a mise en scène, enquanto volta sua preocupação para as atuações e temas

Três irmãos, dois homens e uma mulher (protagonista da obra) vivendo seus dramas e relacionamentos, enquanto parecem diferentes, mas no fundo resolvem tudo porque se amam. Divórcios, filhos ou falta deles, casamentos e uma série de problemas banais e amorosos. “Lola e Seus Irmãos” é desde a premissa e as situações propostas no roteiro uma comédia à francesa bem típica e comum, o que se estende para quase todas as escolhas estilísticas do longa.

Se consegue criar alguns planos interessantes, como a câmera fixa em Lola enquanto ela conversa com o irmão ou uma dinâmica envolvendo carros e um pedágio que cria angústia e risadas devido à movimentação ou falta dela dos personagens em cena, no geral, o longa tem uma estética quase protocolar. Assim como é comum em novelas brasileiras, Rouve encena quase tudo em uma luz mais chapada, sem muitas sombras, geralmente usada para reduzir custos e por ser mais fácil de trabalhar.

Pode parecer um mero detalhe estilístico, mas não é. Se por um lado, tal escolha tira maiores possibilidades da mise en scène, seja em sugestões ou a chance de o público se aprofundar mais na psicologia dos personagens, por outro, fica claro que o interesse de Rouve está totalmente voltado para o texto e seus personagens, como é bastante comum em comédias francesas similares. É o produto comercial do cinema francês, quase como os blockbusters nos Estados Unidos ou as novelas no Brasil.

Isso não quer dizer que o longa não tenha coração e que Rouve (que também atua no longa) não consiga extrair momentos mais tocantes dessas relações. Começando por Ludivine Saignier, uma das atrizes mais populares do cinema francês, que tem um carisma tão próprio que consegue sempre magnetizar o público, em uma atuação que mistura as frases de efeito com gestos tão sinceros e naturais que é difícil ficar indiferente. O mesmo vale para o elenco secundário, necessário para criar essas relações pessoais e familiares meio histéricas, com personagens que gostamos e se irritamos com eles na mesma medida.

Assim, é quase como se Rouve tornasse parte daquilo que forma a linguagem cinematográfica algo mais secundário em sua obra. A ambientação, por exemplo, só vai ter uma importância maior no longa quando é citada em diálogos pelos personagens, seja os livros espalhados em caixas ou o restaurante em que a esposa atual vai se encontrar com as duas anteriores, em uma piada que se repete durante todo o longa, mas quase sempre é divertida o suficiente para aparecer mais uma vez.

Dessa forma, “Lola e Seus Irmãos” une uma estética menos apurada e protocolar de um gênero e estilo de filme estabelecido no cinema francês, ao mesmo tempo que tem emoção, piadas e atuações mais do que suficientes para aquecer o coração do público por pouco mais de 90 minutos. Não vai mudar a vida de ninguém, mas pode divertir em uma tarde fria de sábado.

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