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|Crítica| 'Lightyear' (2022) - Dir. Angus MacLane

|Crítica| 'Lightyear' (2022) - Dir. Angus MacLane

Crítica por Victor Russo.

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'Lightyear' / Disney Pixar

 
 
Título Original: Lightyear (EUA)
Ano: 2022
Diretora: Angus MacLane
Elenco : Chris Evans, Keke Palmer, Peter Sohn, Taika Waititi, Uzo Aduba e James Brolin.
Duração: 107 min.
Nota: 2,5/5,0

 

“Lightyear” é mais um grande passo da Pixar rumo a se tornar uma “Disney 2.0”

Qual é a longevidade de uma fórmula? Por quanto tempo se pode ser autoral e criativo no cinema hollywoodiano? Como ter total liberdade sendo de um estúdio que pertence à Disney? Essas são perguntas constantes na história do cinema (e a última nos últimos anos) e sintetizam bastante o que é “Lightyear”, nova produção da Pixar.

No final dos anos 1960, um grupo de jovens diretores formados em cinema (algo raro nos Estados Unidos da época), fãs da Nouvelle Vague, críticos à estrutura hollywoodiana e se aproveitando de uma decadência momentânea da mesma, se uniram para tomar controle das produções cinematográficas por aproximadamente uma década, a chamada Nova Hollywood. 

Se por um lado, tal liberdade a esses cineastas gerou muitos dos melhores filmes da história do cinema, como “Poderoso Chefão”, “O Exorcista”, “Taxi Driver”, “Touro Indomável”, Apocalipse Now”, entre outros, por outro, esse controle durou pouco e eles logo caíram assim que os estúdios encontraram uma nova forma de ganhar dinheiro fácil: o novo modelo de blockbuster e marketing usando a televisão, inspirados por Steven Spielberg e George Lucas, mais precisamente nos fenômenos “Tubarão” e “Star Wars”.

Ou seja, além de ser um momento raro na história de Hollywood, essa liberdade autoral durou pouco. A regra sempre foi os estúdios explorarem cada nova ideia, gênero ou estilo até essa fonte se esgotar ou a fórmula cansar. E, quando isso acontece, uma nova lógica de mercado surge para ser usada da mesma forma. Vimos isso com o faroeste, o musical, o filme noir e, mais recentemente, com os filmes de super-herói e a própria Pixar e suas animações que em muito se diferenciavam da clássica animação infantil (que era mais comum na Disney).

De certa forma, parece que para continuar sendo sustentável comercialmente, os estúdios pertencentes à Disney vão entregando sua liberdade e se parecendo cada vez mais com a gigante da indústria. Marvel, Pixar e Star Wars a cada nova obra só se interessam em replicar uma fórmula e se aproximar mais do público infanto-juvenil (o com menor senso crítico e mais propenso a comprar bonecos e outros produtos).

Isso fica claro nos últimos anos da Pixar, estúdio que um dia foi inovador e fez obras fascinantes como “Toy Story", ”Os Incríveis", “Ratatouille”, “Wall-E”, “Monstros S. A.”, entre outras. Porém, aos poucos, a originalidade cedeu espaço a sequências ou prequels que só tentavam replicar o sucesso do que já tinha sido feito (“Os Incríveis 2”, “Universidade Monstro”, “Toy Story 4”, “Procurando Dory”, “Carros 2 e 3”). Até que, ao ser criticado pela perda de originalidade, o estúdio prometeu voltar a fazer apenas animações novas.

E isso até aconteceu em menor escala com “Dois Irmãos” e, principalmente, com “Soul”. Porém, o insucesso com as crianças da segunda fez a Pixar acelerar o processo de “disneyrização”, que fica claro em “Luca”, “Red” e, agora, em “Lightyear” (uma espécie de prequel de “Toy Story”, revelando o homem “real” que inspirou o brinquedo).

Assim, o novo longa do estúdio, desde o seu primeiro ato que mais parece uma cópia da sequência de abertura de “Up”, parece apenas preocupado replicar aquilo que já deu certo, mas sob uma lógica mais infantil (até os conceitos científicos aqui se tornam irrelevantes ou simplórios). Mensagens repetidas à exaustão e personagens genéricos, com destaque negativo para o alívio cômico estabanado à la Jar Jar Binks, tornam o filme extremamente comum e esquecível.

O que ainda faz “Lightyear” funcionar um pouco é como o diretor Angus McLane consegue transformar cada pequena missão de Buzz em um evento marcante, energizando o público com uma montagem que cria suspense e agilidade ao mesmo tempo. É justamente quando o filme se entrega a essa ação que encontra um pouco de sua essência fora da fórmula das mensagens e personagens.

Então, “Lightyear” é uma consequência do mercado, um filme que acerta quando tem alguma liberdade, mas isso parece pouco perto da fórmula pronta que o abraça durante quase 90 minutos.

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