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|Crítica| 'Divertida Mente 2' (2024) - Dir. Kelsey Mann

|Crítica| 'Divertida Mente 2' (2024) - Dir. Kelsey Mann

Crítica por Victor Russo.

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'Divertida Mente 2' / Walt Disney Pictures

 

Título Original: Inside Out 2
Ano: 2024
Diretor: Kelsey Mann
Elenco: Amy Poehler, Maya Hawke, Kensington Tallman, Liza Lapira, Phyllis Smith, Lewis Black, Tony Hale, Ayo Edebiri e Adèle Exarchopoulos.
Duração: 97 min.
Nota: 3,0/5,0

 

Como é comum nas sequências da Pixar, Kelsey Mann repete o anterior, apenas criando algumas adaptações para se encaixar nos tempos de redes sociais

Parece que foi ontem, mas nove anos se passaram desde o primeiro Divertida Mente, para muitos, o melhor filme da Pixar, sobretudo por lidar com muita maturidade com as complexas emoções humanas, ainda que lá tudo se resumisse a cinco mais primordiais. Se antes o estúdio, que já fazia tempo tinha sido comprado pela Disney, porém gozava de muita autonomia criativa, enchia a boca para falar que só trabalharia histórias originais, com exceção da franquia fundadora do estúdio Toy Story, em menos de uma década todo cenário virou de cabeça para baixo. A independência sumiu, grande parte dos funcionários foram demitidos e estão sendo substituídos por inteligência artificial (ainda que o discurso público não seja esse) e a fórmula Pixar, que antes conseguia encontrar originalidade mesmo quase seguindo a mesma estrutura, agora sofreu com um processo de fusão com o fazer Disney, infantilizando-se e recebendo uma série de sequências. Divertida Mente 2 é o caso da vez.

Então, como em um bom filme de algoritmo, a tentativa é pela replicação. Claro que não escancarada, logo, é preciso crescer, adicionando novos personagens que façam mais sentido para os tempos atuais, e se tornar ainda mais óbvia em seus discursos, já que os estúdios seguem firmes no processo de formar um público cada vez menos pensante. De resto, tudo igual, a mesma estrutura, a mesma mensagem final, os mesmo problemas a serem resolvidos, com apenas um ou outro contexto um pouquinho diferente, e piadinhas que fazem referência ao anterior para mostrar como aquele mundo/mente está diferente, na tentativa de esconder que tudo é basicamente igual. Só que, se por um lado esse lugar comum pode aquecer o coração e tirar boas risadas com alguns personagens novos, no final, não se tem como chorar e sorrir igual com a replicação do original. Ainda mais um que se vende como mais profundo e complexo, só que todos esses elementos novos não poderiam ser trabalhados de forma mais superficial.

Assim, todo o direcionamento se volta para esses novos sentimentos, com destaque para a ansiedade, cada vez mais crescente na nossa sociedade, muito por conta das redes sociais. Logo, era óbvio que essa emoção surgiria como a vilã da garota que entrou na puberdade. E, nesse sentido, Kelsey Mann se sai bem ao criar visualmente diversos cenários hipotéticos que podem dar errado, como se Riley tivesse se autosabotando com acontecimentos que não só não aconteceram, como nunca virão a ocorrer. Só que, ao jogar a alegria para a mesma jornada fora da sala de comando, o filme pouco sabe o que fazer para além do “a ansiedade é má e vai fazer maldades”, enquanto tudo precisa se estender justamente para a personagem chegar na mesma realização do filme anterior, nessa construção do ser humano a partir de todas as vivências e sensações, sejam elas boas ou ruins à primeira vista. No meio do caminho, sobram até boas piadas, com destaque para a nostalgia, só que claramente há uma rápida saturação, já que o grupo original pouco tem de novidade para nos fazer rir, enquanto o novo grupo não vem dotado de possibilidades, mas surge apenas como o filme nos dizendo que entende os tempos atuais. Assim, tédio, inveja e vergonha, que deveriam ser o apoio para a ansiedade, saturam-se na segunda piada, obrigando o filme a não só entrar em um loop, como, nesse processo de “disneyficação” da pixar, todo o humor precisa ser mastigado, uma explicação que não só facilita a vida do público como quer provar sua própria inteligência.

Ao final, a jornada por esse mundo conhecido é até divertida, ainda há um timing para muitas das piadas ou novas ideias pontuais, como a “chuva de ideias”, mas nada marcante o suficiente para ficar vivo na memória por mais de algumas poucas semanas. Nesse sentido, até visualmente a animação vive em 2015, sem qualquer ideia criativa que renove essa encenação. É a fórmula de sequência da Pixar seguida à risca de novo.

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