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|Crítica| 'Encontros' (2021) - Dir. Hong Sang-soo

|Crítica| 'Encontros' (2021) - Dir. Hong Sang-soo

Crítica por Victor Russo.

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'Encontros' / Pandora Filmes

 

Título Original: Introduction (Coréia do Sul)
Ano: 2021
Diretor: Hong Sang-soo
Elenco : Shin Seok-ho, Parl Mi-so, Kim Young-ho, Ye Ji-wom e Ki Joo-bong.
Duração: 66 min.
Nota: 3,0/5,0
 

Hong Sang-soo faz de sua simplicidade banal um estudo sobre o fracasso no tempo e espaço presente

Em grande medida, “Encontros” é um filme bem típico de Sang-soo. A encenação mais fria, cheia de pausas e olhares, os planos longos e estáticos, o zoom in agressivo que invade a mise en scéne, a cena solitária na praia, a conversa com bebida em um restaurante que termina com personagens bêbados, a presença de algum profissional do cinema (geralmente um diretor, aqui um ator de teatro que também faz cinema), Kim Min-Hee fazendo uma personagem enigmática e por aí vai.

Porém, em “Encontros” Sang-soo leva a sua simplicidade a um estudo sobre o fracasso social, seja ele real ou apenas uma percepção daqueles personagens para consigo. Com isso, somos transportados por eventos banais, encontros entre aqueles personagens que se repetem e que vão revelando pelos diálogos e reações suas inseguranças e frustrações pessoais. A garota que não tem certeza de seu futuro na moda, o garoto que se sente incapaz de atuar, mais por um bloqueio pessoal do que por qualquer outra coisa, o ator que revela sua insegurança ao não aceitar o fracasso do jovem e por aí vai.

Só que, Sang-soo rompe qualquer desenvolvimento narrativo causal ao destruir a linearidade. Cada encontro, apresentado como um capítulo, ocorre aleatoriamente, muitas vezes com o anterior sendo posterior na diegese do que o seguinte. Assim, o cineasta reforça sua obsessão pelo agora, independente do antes e do amanhã. É como se o tempo parasse e estudássemos aqueles personagens por aqueles minutos. Como se só o que eles sentissem naquele momento importasse.

É bem verdade que esse rompimento pode soar meio complexo para quem busca uma linearidade ou uma percepção mais lógica do cinema. O que até contrasta com a simplicidade típica do cinema de Sang-soo. Mas, na realidade, o diretor nos convida a realmente esquecer essa sequência de eventos. Para ele, importa menos a resolução de um quebra-cabeça temporal, enquanto se destina mesmo a perceber o momento e o espaço presente em que seus personagens estão inseridos.

Com isso, Sang-soo prova mais uma vez o quão prolífico é, realizando filmes quase todo ano (às vezes, mais de um por ano), trazendo muito do seu cinema em cada um desses longas, mas sem nunca parecer que suas obras são iguais. Talvez “Encontros” não tenha o poder de outras, como “Certo Agora, Errado Antes” ou “Na Praia à Noite Sozinha”, mas, mesmo assim, é mais um interessante estudo do diretor sobre a condição humana na sociedade em que vive e no como lidar com as frustrações e coincidências da vida.

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